Introdução: A leitura de partitura não é essencial para o músico, mas o seu domínio sem dúvida enriquece o vocabulário musical. Grande parte do repertório composto nunca foi registrado em audio e continua disponível apenas no formato escrito. Poder ler partitura permite o contato com milhares de músicas em estilos variados e épocas diversas, muitas vezes esquecidas ou que nunca cairam na graça do popular.
Outro ponto importante é a compreensão sistemática e racional das divisões rítmicas, propiciando um controle ainda maior da execução.
O registro em partitura é uma imagem das vontades do compositor, um lembrete de como a música deverá ser interpretada, como o seu corpo está estruturado. É um desmembramento dos pequenos fragmentos que formam uma composição expostos de maneira clara, direta e universal.
O Pentagrama: É formado por 5 linhas horizontais e 4 espaços onde as notas de uma música são escritas.
As notas são colocadas de forma alternada, uma em cima de uma linha, a proxima num espaço, numa linha, num espaço, e assim por diante. As notas escritas em baixo serão as mais graves e as notas escritas em cima as mais agudas.
Se for necessário pode-se desenhar linhas complementares, tanto acima quanto abaixo do pentagrama. Não existe um número máximo de linhas complementares, isso vai depender do alcance do instrumento.
Clave de Sol: Indica no pentagrama a posição da nota sol.
As demais notas seguem a ordem da escala diatônica ( C D E F G A B ). Como a nota Sol está escrita na segunda linha do pentagrama, no espaço acima será escrita a nota Lá. Na terceira linha a nota Si, no espaço seguinte a nota Dó e assim por diante, cada vez mais agudo.
No sentido contrário escrevemos as notas anteriores ao Sol. Então no espaço abaixo da nota Sol ficará a nota Fá. Na primeira linha do pentagrama a nota Mi, abaixo do pentagrama a nota Ré. Na primeira linha complementar a nota Dó, abaixo dela a nota Si e assim por diante, cada vez mais grave.
Observe as notas colocadas em ordem, na esquerda as mais graves:
Um macete para identificar rapidamente as notas no pentagrama é memorizar as notas que ficam nos espaços: Fá, Lá, Dó, Mi. Basta lembrar da frase – “Fala do Mi”.
- Depois do Fá temos a nota sol, antes do Fá a nota Mi.
- Depois do Lá temos a nota si, antes do Lá a nota Sol.
- Depois do Dó temos a nota Ré, antes do Dó a nota Si.
- Depois do Mi temos a nota Fá, antes do Mi a nota Ré.
Essas notas também se encontram sobre as linhas complementares inferiores ou superiores:
Também é importante saber as notas da escala diatônica invertida: C B A G F E D C. Isso facilita a leitura da partitura quando a melodia desce, do agudo para o grave.
Alterações: Existem várias formas de indicar a
alteração (sustenido ou bemól) de uma nota na partitura. O método mais
direto é a inclusão do sinal de alteração na frente da nota musical.
Nas imagens abaixo você encontrará a nota da partitura correspondente a cada posição no braço da guitarra…
Com Sustenidos:
Com Bemóis:
E as equivalências em tablatura…
Com Sustenidos:
Com Bemóis:
Outras Claves: Da mesma forma que a clave de Sol indica no pentagrama a posição da nota Sol, existem ainda as claves de Fá e Dó. A clave de Fá indicará a posição da nota Fá e a clave de Dó indicará a posição da nota Dó.
Existe um grande número de notas musicais entre os extremos grave e agudo, acima de uma centena. Um violão pode executar em torno de 44-45 notas e uma guitarra de 24 casas, 49 notas. Dentro de um pentagrama podemos colocar 14 notas, então todas as outras deverão ser escritas em linhas complementares, as graves abaixo do pentagrama e as agudas acima.
Num instrumento com uma grande tessitura sonora que pode reproduzir acima de 50 notas, o uso de muitas linhas complementares pode se tornar um problema dificultando a leitura, por essa razão foram criados tipos diferentes de claves. A clave de Fá compreendendo as notas mais graves, a clave de Dó na região média e a clave de Sol para as notas mais agudas. Cada instrumento usará a clave ou as claves que melhor se enquadrarem no alcance de suas notas.
Instrumentos Graves – Clave de Fá
Exemplo: Baixo, Piano, Tuba, Trombone.
Instrumentos Médios – Clave de DóExemplo: Violoncelo, Viola.
Instrumentos Agudos – Clave de SolExemplo: Piano, Violão, Flauta Transversa, Saxofone.
Observe abaixo a mesma nota escrita em claves diferentes:
Em todas as 3 claves a altura da nota Dó (C4 – Frequência: 261.6 hz) é a mesma, ou seja, é executada numa única posição no instrumento.
Abaixo a transição entre as claves de Sol (aguda) e Fá (grave):
As claves podem ainda ser escritas em alturas diferentes no pentagrama, mas sempre irão indicar as notas correspondentes.
As posições mais comuns são:
A escolha da clave e da sua posição no pentagrama está relacionada com as características do instrumento. Procura-se levar em conta quais são as notas mais tocadas e a clave é posicionada para que essas notas estejam escritas dentro do pentagrama sem o uso de muitas linhas complementares.
Existem instrumentos que usam mais de uma clave pois o alcance de suas notas é bastante extenso.
Piano – Usa a clave de Fá e Sol. É comum a clave de Fá ser tocada pela mão esquerda do pianista e a clave de sol pela mão direita, mas isso não é uma regra.
Violoncelo – Usa as 3 claves.
Órgão de Tubos – Usa as 3 claves. As de Fá e Sol são tocadas como no piano. O teclado de pé pode usar qualquer uma das 3 claves, isso vai depender do registro (timbre) aplicado.
A Clave da Guitarra e Violão: Ambos são instrumentos
transpositores de oitava, isso quer dizer que iremos ler uma nota na
partitura mas o que soará no instrumento será uma oitava abaixo. Na
maioria dos casos a clave utilizada é a de Sol na segunda linha do
pentagrama com uma indicação de instrumento transpositor, um número 8 na
parte de baixo da clave.Esse tipo de escrita acabou caindo no desuso e hoje a guitarra é escrita sem a indicação de transposição.
Para instrumentos transpositores de oitava que soam uma oitava acima a indicação é feita da mesma forma mas o número 8 fica na parte superior da clave: